quinta-feira, 19 de julho de 2012

Untinkable (Inacreditável)

Assisti esse filme no último fim de semana. Fiquei chocado e com uma sensação ruim ao final.
Nunca vi antes o ator Samuel L. Jackson num papel tão desagradável, imoral, desprezível, um verdadeiro predador. O personagem não tem nenhuma consciência. Nada. É um torturador sem nenhum remorso pelo que faz. Age como todo bom especialista, com verve, algum humor e muita competência... Exceto no final, quando percebe que não vai conseguir dobrar o terrorista com nada do que fez. Nem mesmo ameaçando os filhos... E por isso mesmo, fazendo com que o terrorista deixe que as coisas terminem como planejou.
Planejou bem, alias, tudo o que fez. Quatro bombas nucleares, três a serem encontradas e uma quarta, oculta. Um gatilho para o pior. Um pior que realmente ocorre.
A ação das autoridades é ainda mais desprezível. A presunção é tão grande que até uma chance de negociação simples é posta de lado como uma utopia, uma ideia de doido. A solução é tachada como tão pueril que nem merece a consideração de uma análise por parte do Presidente. O desenlace é um rush infernal de escolhas erradas. De trapalhadas, de tomadas de posição contraditórias e incoerentes. Ninguém mais sabia o que estava fazendo ou das consequências finais daquela loucura, onde o único lucido aparente era o torturado, o terrorista, já ciente de que tinha de deixar o inimaginável acontecer pois a nação que ele tanto amava era na verdade uma utopia, um sonho distante.
A imagem final, quando a interrogadora profissional do FBI sai do prédio com as crianças, é emblemática. Cheia de dignidade, mas patética em sua incapacidade de evitar o que vem pela frente. O medo nos olhos dela e das crianças é algo chocante, comovente.
A guerra ao terrorismo é uma luta perdida.
Nós mesmos criamos os monstros que uma vez soltos não tem mais controle e são capazes de tudo.
Um filme inteligente e amargo.

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